sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A gente se acostuma a não amar



É sabido que a gente se acostuma a não amar, mas não deveria.
A gente se acostuma a deixar de amar um irmão porque nos traiu,
A gente se acostuma a não amar um namorado(a) que se foi,
E porque nos traiu ou nos deixou a gente se acostuma que é possível superar amores fortes como tais.
E por achar que superou a gente se acostuma a não amar outras pessoas,
E por não amar a gente se acostuma a ficar sozinho,
E por ficar sozinho a gente acaba se esquecendo que não nascemos para ficar só.
Esquecemos o afago,
As caricias,
Os desejos,
E a própria solidão de ser só.
A gente se acostuma com os beijos trocados na balada e se contenta com tão pouco,
A não dividir o seu dia com alguém porque se sente confortado,
A estudar e conquistar a independência mesmo sabendo que isso é pura ilusão,
A passar os finais de semana sozinhos trancados dentro do quarto com os filmes que escolheu,
Com a pipoca de microondas,
Com o refrigerante sem gás,
A não se envolver com o vizinho que te acha bonito(a) porque tem medo que ele também te deixe,
A deixar sua vida passar sem ter dividido ela com alguém.
A gente se acostuma a passar horas a fio para dizer não ao colega que te chamou para o teatro,
A não sorrir para quem está disposto a te conquistar,
A não ver quando tudo que o outro(a) queria era que o visse.
A gente se acostuma a dizer não para o amor,
E acaba se acostumando com migalhas que caem das mesas dos que vivem com intensidade esse sentimento.
E se acostuma em acreditar que isso não existe,
A gente se acostuma demais com o medo de sofrer,
E acaba afastando um amor aqui e outro ali.
Se alguém toma iniciativa e te diz o que está sentindo,
Ainda assim você insisti em dizer não por ser mais fácil e por estar tão acostumado em se afastar.
Se afasta e padece do coração que está tão só.
E volta para o seu quarto escuro,
E liga o seu computar para ver um romance de cinema.
E se o filme te faz chorar e se emocionar a gente se consola por não ter um grande amor.
E por não ter esse amor a gente se acostuma em dormir depois do filme,
Chorando no travesseiro a espera de um príncipe encantado,
E se acostuma em sonhar apenas com sapos,
A gente se acostuma com a aspereza do nosso coração,
Com a preservação dos nossos sentimentos,
A gente se acostuma para evitar cicatrizes, magoas, traumas, rancor.
Se acostuma para poupar o peito.
A gente se acostuma em deixar passar a vida, a nossa vida, que se vai pelos nossos dedos.
E de tão gasta já não tem alguém para amar.
E se perde no meio do caminho de tanto se acostumar com nada.


Texto A gente se acostuma a não amar,
De Diógenes Ramos (Didikayan)

5 comentários:

Anônimo disse...

Adorei.... *-*

O eterno aprendiz... disse...

bgdinho, mas nem sei quem é você!

Unknown disse...

Achei muito lindo, não só esse como todos que tive a oportunidade de ler!

O eterno aprendiz... disse...

Obrigado Bianca, fico feliz que tenha gostado e volte sempre que quiser.

Nair Santana disse...

Eu outubro foi dito isto........

Anonymous19 de outubro de 2012 08:31
Adorei.... *-*

Reply
Replies

O eterno aprendiz...23 de outubro de 2012 10:43
bgdinho, mas nem sei quem é você!

Agora e pleno 11 de janeiro te digo isto......

Que bem mais acostumada com o blog, com a familiaridade da pagina e cumplicidade com o que esta no texto.....

Nos acostumamos mesmo a tudo isto que descrevestes, mas também devemos aprender que vale a pena se jogar e enfrentar tudo que demos que passar para mais tarde não nos arrependermos.....

Viuuuuuuu....

Hoje já não sou mais uma anonima para ti....
Centenas de milhões de beijos meu eterno aprendiz.....

Livros - Diógenes Ramos

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