sábado, 23 de agosto de 2008

a chuva...


A chuva batia na vidraça de minha casa
E sentado no sofá e olhando a chuva cair
Ela molhava e lavava alguma podridão
Cheguei ao ponto de imaginar que era só a vidraça que estava sendo lavada
Mas a cada gota que escorregava bem ali em frente a mim
Percebi que minha alma também se deixava lavar
Estava sendo limpa a cada gota batida na minha vidraça
Então se levantando do meu sofá
Sair para que eu e a chuva pudéssemos viver os nossos destinos
Ela em continuar sendo derramada pelas nuvens
E eu a contemplar o som e o belo de cada gota caída
E quando entrei de cabeça dentro dela
Algo sublime aconteceu...
Agora não era somente a vidraça que estava escorregando aquelas gotas de chuva,
Eu também estava.
Minha face estava molhada
E eu me sentia limpo a cada gota que batia sobre mim
Não sabia por que motivo estava me sentindo lavado,
Mas não parava de olhar a chuva caindo
E bem ali no meu jardim
Quando olhei para o portão, fiquei inerte com a visão que estava tendo.
Você apareceu de repente
E eu pude perceber porque eu estava sendo lavado
A chuva estava preparando o nosso encontro
Numa purificação perfeita de gotas, amor escondido e desejo de recomeçar,
Eu me rendi a você e ao som chuva
E como se ama o vento, as gotas, e a chuva,
Por tudo eu te amo,
Mais do que poderia dizer esses lábios meus
E entendi que o homem nasceu para amar e ser amado
E foi para isso que ele veio a terra.
Portanto o passado e o futuro não existem
O que existe é o agora e a vontade de um novo início.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Num canto da sala.



Num canto da sala a vela acesa acendia a paixão da menina
E com sua harpa a tocar, ela acompanhava o canto das chamas,
Da sua chama,
Do fogo da vela.
A chama estava acesa dentro de si
E cada vez mais ela se acendia
Era impulsionada por completa
A tocar cada vez mais.
E na exuberância do fogo, os seus olhos brilhavam
Ela tinha um olhar de menina com uma beleza de mulher
Quando tocava o seu instrumento
Ela ardia em chamas.
A vela estava quase se apagando
Mais outra coisa estava acesa ali.
Será que era a sua paixão, ou o seu amor pela harpa?
Ou pelo som?
Ou pela chama?
Ou pela vela?
Não sei, mas me parece que agora a vela tinha se apagado,
Porém alguma coisa ardia num canto da sala
A menina se tornara uma mulher
E no canto da sala, ela gemia,
Gritava,
Implorava,
Pedia.
Com uma combinação de música, fogo, paixão e vela,
A menina tinha combustível para ela e para a vela
Então se levantando de onde estava
Acendeu uma outra vela
Agora já não tocava mais sua harpa, tocava o seu próprio corpo,
Pois existia uma cumplicidade da menina e da vela
Bem ali num canto da sala.

Livros - Diógenes Ramos

  • Cicatrizes - Toda Forma de Amor
  • No Meu Céu
  • O Violinista
  • O Bailarino