quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Bilhetes Trocados



Ele me olhou estranhamente,
Olhou-me como que desejando o meu corpo, 
Minha alma, 
Meus seios.
Suspirou profundamente quando me olhava. 
Mas eu não podia corresponder aquele desejo. 
Desejo que também ardia em mim, 
Então, peguei o bloco de notas, e fiz um bilhete rápido quando ainda estava no balcão.
E o entreguei quando dei-lhe o troco.

Não é a primeira vez que me olha assim, peço encarecidamente que não faça mais. Sinto que a qualquer momento meu marido desconfiará, e eu não pretendo traí-lo. Isso seria demais para ele, pois eu como esposa e você como melhor amigo está cometendo um grande erro. Adeus.

Era a primeira vez que lhe escrevia algo. 
Minha vontade era outra, 
Mas eu precisava manter uma postura de esposa fiel. 
Como foi difícil para mim e sinto que muito mais para ele.
Mas no outro dia ele chegou como que de costume,
E me entregou o seu bilhete,
Mas antes beijou o papel devotamente.

Não se diz adeus a algo que você quer que fique, mas eu te respeito. Não queria que isso acontecesse comigo. Sinto que te amo e a cada dia que a vejo, esse amor só aumenta. Mas eu abro mão de mim, só para te ver feliz, mas o que sinto não posso negar, porque não posso negar a mim mesmo.

Era a primeira vez que me dizia aquelas sentimentalidades,
O desejei quando beijou o papel,
E suspirei ao ler cada palavra,
O seu peso dilatava-se ao calor que saía delas,
E parecia que nossas vidas estavam numa existência superior a esse mundo.
Cada troca de olhares condizia a um encanto só nosso,
E meu corpo se cobria com vastas sensações.
O tempo passou muito rápido,
E massacrou aquele sentimento,
Ele morreu jovem,
E eu morri com ele.
Mas guardarei cada parte sua nos meus pensamentos.
E agora, velha e vendo seu retrato antigo,
Eu sinto que vivi outra vida.



Texto: Bilhetes Trocados
De: Diógenes Ramos.
Inspiração: Música Amor I love you! de Marisa Monte.


terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Eu e Você Num Bar


Vamos num bar,
Chegando lá vamos sentar e conversar,
Ficar felizes e nos embriagar.

-Garçom, venha aqui e traga-me o cardápio.

Vamos beber um vinho barato,
De uma safra indiferente,
Ou se quiser pode ser uma cerveja.

-Garçom, traga-me uma cerveja mesmo e dois copos. Isso é tudo por enquanto, pode ir.

Vamos falar sobre programas ruins,
Ou de novelas repetidas,
Falar de coisas triviais,
Enquanto meus olhos encaram seus olhos.
E eu me perder no seu olhar.

-Garçom, essa cerveja ta quente, troca por aquele vinho ruim.

Eu e você assim bem perto ta?
Pra eu me perder de vez na tua íris,
Dorme comigo essa noite,
E de manhã me beija antes de sair,
Só para eu confirmar que não estava sonhando.

-Garçom, quero a conta.

Vamos fugir,
A minha casa fica a dois quarteirões daqui,
Tenho um cobertor quente,
Eu e você iremos nos perder e nos encontrar.
Vamos num bar.


Texto: Eu e Você Num Bar
De: Diógenes Ramos (Didikayan)


terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Como é Bom Gostar de Você


Meu namorado é assim, do tipo que muda de ideia como troca de roupas. Algumas coisas nele me irrita muito, mas independente disso, o que sinto por ele é maior que qualquer coisa, pois eu não amo somente o que ele tem de bom, mas eu amei em conjunto com ele, todos os seus defeitos e isso me fez crescer.
Gostar tem muito disso. É fácil amar alguém no início de um relacionamento. A forma como um corpo entra em outro corpo. O jeito como ele te olha quando estar apaixonado. O modo como toca na sua mão. Aquele beijo dando boa noite, mas querendo ficar um pouco mais. A delicadeza que tem quando quer ver você feliz. Mas quem ama deve entender que os defeitos veem juntos. É um conjunto.
Amar é bom. Não é isso, eu estou mentindo. Amar é muito bom. Esse sentimento nos faz ser pessoas melhores, nos faz enxergar coisas que jamais descobriríamos sozinhos. 
Quando se ama alguém de verdade, aprendemos esperar o tempo certo, mesmo que esse tempo nunca venha existir.
Pode me chamar de bobo se quiser, nem ligo. Pode me achar um babaca, mas se eu estivesse no céu, lá no poleiro das almas, e me dissesse que eu iria vir a terra, iria amar uma pessoa determinada, e que essa pessoa iria me fazer sofrer, chorar, mas também ser feliz de alguma forma eu não pensaria duas vezes, porque amar é MUITO BOM. Eu desceria aqui mil vezes se preciso fosse, pois o que aprendi não se compara a nada. Eu sou bilhete premiado cara.
E quando eu deixar esse mundo eu direi como Mario de Andrade disse no poema "Quando morrer quero ficar", mas mudarei da seguinte forma.

Quando morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Gravado no coração de quem amei,
Saudade.

As mãos atirem por ai,
Já não me importarei com elas,
As vísceras atirem pro Diabo,
Meu coração entregue ao meu amado,
Gotejando sangue de amor,
Que o espírito será de Deus,
Adeus.




Texto: Como é Bom Gostar de Você
De: Diógenes Ramos
Foto: Filme Um Olhar do Paraíso.


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O Que Você Precisa é Fazer


Ele saiu pelado do quarto, foi até a cozinha e disse ao seu amado que queria foder, mas não somente uma simples foda, e sim a foda mais interessante de suas vidas, mas antes de saírem dali ele disse exatamente como queria, a forma como queria ser comido e o que mais ansiava, sem medo ou vergonha do que seu namorado fosse pensar. Seu parceiro, um pouco assustado por não esperar aquilo, sem pensar muito, deixou a comida que estava aprontando e naquele dia o prédio todo escutou o que se passou depois. O bom é fazer amor fora de hora.

Tive pensando muito a respeito desse assunto, e na minha pobre lógica, quero tentar descrever de uma forma não muito vulgar as minhas conclusões.
Acredito que o que está faltando nas pessoas é um pouco de coragem para dizerem o que pensam e o que tem vontade.
Vivemos o tempo todo nos limitando a fazer isso ou aquilo, ou fazer de uma maneira mais tranquila para que o outro não corra de você. Devo confessar que isso é bobagem e no final dessa vida a morte é a coisa mais certa e ninguém está livre dela, portanto faça o que tem vontade de fazer sem impor limitações, porque como disse Nelson Rodrigues: "Se cada um soubesse o que o outro faz dentro de quatro paredes, ninguém se cumprimentava".

Quais são suas vontades? Vamos lá! Faça essa pergunta para você mesmo e, por favor, descubra isso rápido e vai esmerilhar a chapeleta. Ta! Não curte esmerilhar? Ok! O que acha de um ménage a quatre? De um delicioso boquete que pega da base até a cabeça? Ainda não chegou lá? Tudo bem, no final desse texto eu espero que tenha pelo menos duas vontades inusitadas, mas essas duas só para hoje, amanhã sua criatividade muda. 
O que acha de uma trepada com algemas pendurado no teto, ou quem sabe na janela? 
De uma coisa mais selvagem, com mãos e línguas entrando onde você mais sentir prazer?
O que acha de levar surra de piroca a noite toda?
De velas queimando sua barriga?
Ou quem sabe atingir os três níveis básicos de garganta profunda? Não sabe como é? Me liga que eu te explico.

Mas onde fica minha moral com tudo isso Diógenes? Moral o caralho minha gente. Onde precisamos ser morais é na rua, no nosso trabalho e fingir para uma sociedade podre que tem as mesmas vontades que a nossa, que somos puritanos, mas no nosso quarto devemos deixar a devassidão, a putaria, a orgia, a falta de significado tomar conta de nossas vontades. E isso tudo de luz acesa ta bem? (Risos). Estou brincando, pode apagar a luz se ficar mais à vontade.

Libere sua imaginação e deixe tudo por conta do seu prazer, pois se me questionarem sobre tudo isso eu vou responder: O que você também precisa é fazer.



Texto: O Que Você Precisa é Fazer
De: Diógenes Ramos.


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Ah! O Amor


Caio amava Joana,
Que amava Patrick,
Que amava Suzana,
Que amava Ernesto,
Que amava Lilian,
Que amava Sebastian,
Que não amava ninguém.
Caio foi morar em Londres. Joana para o Cabaré,
Patrick enlouqueceu. Suzana nunca se casou,
Ernesto foi para o exército. Lilian se enfiou dentro de uma igreja,
E Sebastian casou com César F. Rodrigues que não tinha entrado na história.



Texto: Ah! O Amor
De: Diógenes Ramos (Didikayan)
Adaptado  do texto Quadrilha de Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Ela Ama Cachorros... Ele, Nem Tanto


Ela acordou totalmente diferente do que era. Acordou feliz e foi preparar o café do seu amado, amado esse que encontrou quando sua vida deu uma guinada. E que guinada!
Você precisa ver como está linda, seu rosto desenhado como uma boneca de porcelana, seu corpo a cada dia ficando do jeito que ela sempre quis. Ela está realmente feliz e isso para mim já basta.
Então quando ela estava na cozinha, ele acordou e foi ajudá-la com o café da manhã e sua cachorrinha, a famosa entre tantos amigos, encostou no seu pé, lambeu sua perna e como sempre, fez um xixi no tapete da cozinha. Particularmente acho ela uma sem educação, mas não estamos falando sobre mim e sim deles, então, vamos voltar ao foco principal dessa história. 
Quando viram a cachorra fazendo isso ela disse em alto e bom som:

-Você tem que amar mais a minha cachorra que eu.

Ele não disse nada naquele momento, mas percebi entre uma ruga e a testa franzida que algo precisava ser dito, mas ele estava realmente gostando dela e isso era o que mais importava.
Certos momentos trazem um gosto especial para as coisas...
Ela ama essa cachorra, ele, nem tanto, mas é impressionante como ambos se respeitam e isso é a base de um relacionamento duradouro. 
Não houve um impedimento de se amarem, houve apenas adaptações, pois o amor se adapta a quase tudo.
É impressionante a forma como ela venera a saudade quando sabe que ela está para terminar. Com a cachorra ou sem ela, porque o que importa é quando ambos estão conectados a esse sentimento.



Texto: Ela Ama Cachorros... Ele, Nem Tanto
De: Diógenes Ramos (Didikayan)

Livros - Diógenes Ramos

  • Cicatrizes - Toda Forma de Amor
  • No Meu Céu
  • O Violinista
  • O Bailarino