sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Tina.


Mulher forte de personalidade marcante, mulher vivida de experiências vastas.
Bonita?
Cativante eu diria.
Sonhadora, guerreira, via soluções ao invés de problemas.
De pele negra, pequena, aquilo sim que era mulher.
Ignorava o pessimismo e acreditava que o amanhã poderia acontecer coisas maravilhosas.
Oportunidades novas, sonhos novos, resultados diferentes.
De cabelo espalhafatoso e linda aos olhos de quem a desejava.
Simples também.
Me fazia acreditar em coisas que nem eu via que existia em mim.
Fez-me sentir menino, homem, desbravador.
Fez-me sentir mulher, fêmea, desejada.

Se refazia quando pensavam que ficaria caída,
Quando a olhava nos olhos ela me dizia que aquela fase seria a mais importante para um novo aprendizado.
E eu menino não compreendia porque todas as vezes era sempre a mesma fala.
Mas logo que me tornei homem, compreendi.
Ela dizia que quando eles voltassem veria que estava reerguida
E que queria ouvir o que eles iriam dizer.
Porém a sua maior vontade era mostrar que estava de pé novamente,
Despudorada e indecorosa.
Se levantava.

Bela?
Independente eu diria.
Estudada?
Na escola da vida, na escola dela.
Mas quando fecho os meus olhos vejo me olhando, me abraçando.
Me ensinando.
Autoritária também.
Fez homens felizes, deu prazer.
A mulheres também.

Ela bebia, e como bebia...
Se tornava um pedreiro na frente de um boteco.
Parou de beber também,
admirava independente do que fazia. 

Era uma menina, uma mulher, um homem, uma professora e uma estudante.
Eu mesmo ensinei algumas coisas, mas devo confessar que aprendi muito mais.
Não tinha ambição de riqueza, não me lembro de nenhuma ambição,
Desculpa, eu menti, tinha uma ambição sim: Ser feliz!
Na sua liberdade buscava apenas viver a vida dela.
Mulher sábia, esperta, mas ao mesmo tempo boba.

Sobretudo uma mulher, 
Com pureza no olhar e lascívia nos atos.
Puta!
Uma linda puta.
Tina, aquilo sim que era mulher.



Texto: Tina
De: Diógenes Ramos (Didikayan)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Menino impossível...


Dizem que nossas escolhas moldam o nosso futuro,
E é bem verdade isso,
Em parte, claro.
Mas posso presumir que pesa muito sim,
Como diz o ditado: muda-se uma coisa, muda-se tudo.
Outra pessoa pode não entender o texto, mas com certeza você entenderá,
É para você que escrevo.
No passar em frente daquela loja somente para vê-lo, (eu)
No esperar de um final de semana para olhar ao longe passeando com amigos, (você)
No criar coragem para pegar um telefone que nem existia, (eu)
Ou talvez existisse, mas se recusou a entregar.
E depois de todo esse tempo ainda penso que não chegou o momento,
Mas como você pode viver escorrendo pelos meus dedos sem se despedaçar?
Ou será que nem quer perceber?
Diga-me como você pode sempre ir?
Diga-me, por que nunca aceitou o convite?
Ou melhor não me diga nada.
O tempo que conduz a algo é o mesmo que nos mostra novos caminhos.
Uma mudança sempre abre portas para outras.
Utópico eu?
Que se dane!
Meu fogo arde aqui dentro de mim.
Quando me lembro das suas curvas,
Das suas poses,
Das suas fotos,
Do seu nervo rígido como o marfim sobressaltando pela cueca,
Já reparou no marfim?
Não é tão simples assim, mas essa será a sua lição de casa.
Ou eu posso mostrar é só me dizer quando.
Me chama de bobo como se houvesse a possibilidade de não te desejar,
Até onde posso ir para te ter?
Não quero renunciar nenhuma parte, nada.
Te quero!
Livre, quente.
Molhado.


Diógenes Ramos (Didikayan)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Conversando com o reflexo.


Ele e Eu

-Boa noite!
-Boa noite? Está falando comigo?
-Sim, eu estou falando com você.
-Ah! Boa noite então, o que deseja de mim e quem é você que tem a audácia de proferir qualquer tipo de palavra ou saudação a mim?
-Talvez não seja ninguém, ou posso te conhecer como nem você mesmo se conhece.
-Pode ser que sim, mas posso garantir que não conhece um terço do que sou.
-Não me importo, mas o que acha de te conhecer agora?

(uma grande pausa em silêncio e enfim a resposta)

-Pelo visto essa conversa deve durar mais do que eu gostaria, posso tomar uma dose? Ou melhor, vou tomar três doses, aceita uma?
-Eu não bebo!
-Puxa! Eu também não costumo beber, mas pensando bem só vou acender um cigarro, diga-me o que quer conhecer a meu respeito, ou o que conhece de mim que ainda não sei?
-Porque tens olhado para mim tão triste? E porque não vejo mais felicidade nos seus olhos, é uma parte mórbida que me olha todas às vezes aqui.
-Não sei! Acho que deveria saber já que teve audácia de dizer que me conhece mais do que eu mesmo.
-O fato de perguntar não significa que não tenha a resposta.
-Então não preciso responder suas perguntas retóricas.
-Na verdade precisa sim.
-Você me vem com perguntas indiscretas e quer que responda assim mesmo? Você está de brincadeira não é mesmo?
-A pergunta nunca é indiscreta, a resposta sim e eu não estou brincando.
-Então eu te respondo: Não sei!
-É ele ainda né?
-Ele quem?
-Não se faça de desentendido, essa conversa pode durar o tempo que você quiser e eu posso garantir que tenho todo o tempo do mundo.
-Você pode até ser que tenha, mas eu não, a propósito eu vou tomar uma dose, preciso muito disso.
-Está fugindo da nossa conversa?
-Não, não estou fugindo, apenas estou me preparando para uma resposta e minha garganta está ficando seca.
-Não demore!
-Não me diga o que fazer, mas vou voltar sim, aguarde...

(cinco minutos depois...)

-Voltei.
-Então, estou esperando a sua resposta.
-É ele sim, mas nada posso fazer para mudar, então vou esperar um tempo já que dizem que o tempo cura quase tudo, mas porque você quer falar de um assunto que não debatíamos a muito tempo?
-Sabia que era por ele ainda. (risos)
-Não ria de mim, não te dou esse direito.
-Eu não preciso pedir sua permissão para rir.
-Se for de mim que está rindo é educado não rir na minha cara.
-E quem disse que estou querendo ser educado?
-Pode falar então o que quiser, não é de minha conta mesmo saber o que você pensa.
-Não se esqueça que os nossos pensamentos se fundem.
-Eu não me esqueço disso e as vezes até me arrependo de não poder mudar.
-Calma você está exaltado, porventura foi a dose?
-Não, a dose me fez bem, mas o problema é você insistindo em assuntos que tento esquecer.
-Não insista em esquecer aquilo que é impossível.
-Mas até quando esse inferno vai me perseguir?
-Até o momento que você permitir.
-Então você está me dizendo que o erro é meu?
-Eu não falei em erro, eu falei tão e somente que quem poderá mudar isso é você mesmo.
-Entendo, pode ao menos me dar uma luz de como farei isso?
-Não sei!
-Essa é a resposta?
-Sim!
-Preciso de mais um cigarro.
-Pegue e fume, mas não será cigarro e a bebida que o fará esquecê-lo.
-Para dizer a verdade eu nem sei mais o que pensar de tudo isso, entende que somente ele tem a cura para o meu vício?
-Eu entendo sim e jamais te condeno por isso, mas olha essa imagem doente que tens agora, mude isso.
-De fato cada sorriso em meu rosto transmite um significado diferente e nenhum expressa o que o sorriso deveria transmitir.
-E então o que você pretende fazer depois de tudo isso?
-Eu não sei, eu deixei cair o meu coração e quando ele caia eu não o vi lá para me segurar.
-Você está escuro.
-Estou escuro e acabado.
-Suas mãos eram fortes, seus sonhos eram firmes e agora eu não vejo nada disso em você.
-Você também tem um lado que eu não conhecia.
-E qual é?
-Ainda não sei, mas você me diz verdades que eu nunca descobriria se não estivesse aqui, os seus jogos você sempre ganha, sempre ganha.
-Na verdade eu não quero ganhar, só queria te mostrar que eu e você somos um, tudo bem que estamos em lados totalmente diferentes, mas eu quero que você também ganhe.
-Vou dormir, estou cansado.
-Fugindo?
-Não, estou apenas cansado.
-Durma bem e pense que você poderá voltar de onde parou.
-Vou fazer isso sim, dorme comigo?
-Do seu lado é onde eu vou estar.
-Obrigado pelo conselho, mas preciso de um dose antes de dormir.
-Acho que também preciso, pois sou o reflexo do que você vive.

Diógenes Ramos.

Livros - Diógenes Ramos

  • Cicatrizes - Toda Forma de Amor
  • No Meu Céu
  • O Violinista
  • O Bailarino