segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Carta a Presidenta


Prezada Excelentíssima Presidenta. 

Será que me daria a honra de um passeio para te mostrar algumas coisas?
Poderíamos ignorar o fato de um ser superior ao outro e agirmos feito humanos,
Apenas humanos de carne e osso.
Tenho muitas dúvidas em minha cabeça jovem que gostaria de tirar com vossa excelência.
Espero que seja ao menos honesta em me responder sem se preocupar com protocolos.
Será que seria capaz disso?
Como se sente quando vê muitos desabrigados nas ruas, enquanto passa no seu carro presidencial, cercada por seguranças que nunca deixarão eu me aproximar de você para conversar ou cobrar o que prometeu?
Como tem vivido em paz enquanto há tantos moradores de rua e mendigos vivendo debaixo do mesmo sol que o seu?
O que sente quando passa por essas pessoas que são iguais a você e que vivem em condições subumanas?
Responda-me francamente.
Por quem reza todas as noites antes de dormir?
E para que Deus dobra os seus joelhos pedindo misericórdia para essa nação onde tantos roubam e muitos não tem o que comer?
Será que não se olha no espelho todas as manhãs, quando vai para o seu trabalho às onze da manhã, enquanto um trabalhador honesto sai de casa as cinco da madrugada e pega três ônibus para chegar ao seu destino?
Você se sente orgulhosa por isso?
Você sente orgulho de ser chamada de PRESIDENTA quando na verdade suas preocupações deveriam ser igualdade a todos os moradores dessa nação?
Como tem dormido todas essas noites?
Quais são os seus sonhos?
O que pensa quando uma esposa não pode dar adeus ao marido que foi morto em um assalto quando estava indo trabalhar?
E não me diga que a culpa não é sua, porque quem puxou aquele gatilho foi você e todos os outros governantes que não deram educação e oportunidades aquele assaltante.
Será que conseguiria me olhar nos olhos e responder as minhas perguntas?
Excelentíssima Presidenta,
Nós não somos burros e muito menos cegos,
Será que precisamos fazer uma guerra com armas e bombas para que nos vejam como cidadãos?
As nossas crianças conhecem o crime cedo demais, quando ainda deveriam acreditar em Papai Noel.
Enquanto a você, constrói monstros que vão para o inferno e nem se importa com isso.
Uma mãe nunca deixaria de amar seu filho se não tentasse até o último suspiro para regenerá-lo.
Que tipo de mãe é você Presidenta que não pensa no bem maior a todos?
Você deveria ensinar o amor entre todos, pois uma mãe jamais abandona um filho.
Seja ele mendigo, pobre, mulato, gay ou negro.
Será que você sabe alguma coisa a respeito de trabalho duro?
Será que sabe como uma mãe vive com um salário mínimo e uma criança na barriga?
Você não sabe nada de trabalho duro.
Trabalho duro é não ter o que comer, o que vestir ou onde morar.
Você não imagina o que é passar necessidade.
Você não imagina como dói sentir fome.
Você não imagina o que é ver um filho passar necessidade sem poder dar a ele o que você desperdiça no seu café da manhã.
Será que consegue olhar nos meus olhos e responder, Sra. Presidenta?
Como consegue dormir enquanto nós choramos?
Será que seria capaz de ser um terço do que Mandela foi para o seu povo?
Não precisava ser igual a ele, pois isso minha pobre lógica já sabe que será impossível,
Eu tenho certeza que se fosse pelo menos um terço algo já mudaria nesse país.
Será que me daria a honra de um passeio, Sra. Presidenta?
Eu daria.


Texto: Carta a Presidenta
De: Diógenes Ramos
Inspiração: Pink

Livros - Diógenes Ramos

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  • O Bailarino