terça-feira, 26 de março de 2013

O AntagônicO


Quando queriam mais de mim, menos tinham;
Quando pediam, nada recebiam;
Onde queriam luz, escuridão;
Onde queriam paz, a guerra eu era;
Onde pediam a lua, o sol brilhava.

Quanto ao romance, era um namorador;
Se queriam ir a Londres, Nova York;
Se pediam castidade, prostituição;
Se cobravam o sim, dava talvez;
Onde queriam o não, sim me tornava;
Quando pediam amor, ódio virei.


Onde queriam espíritos, eu era carne;
Onde pediam amor, me excitava;
Preferiam o livre, eu a prisão;
Adoravam a Deus, eu o Diabo;
Ao que era fiel, eu preferia promiscuidade;
Quanto ao certo, eu era errado.


Onde queriam sabedoria, eu era a burrice;
Quando pediam um santo, eu era anjo;
Quanto ao prazer, preferia a dor;
Se queriam o herói, era vilão;
Se queriam um homem, era mulher.
Na claridade, o apagão.




Texto: O AntagônicO
De: Diógenes Ramos

quarta-feira, 20 de março de 2013

FaÇa VaLeR a PeNa!


Você já parou para pensar que um dia iremos crescer e tudo será diferente?

Mesmo que não acreditemos nessa verdade com fundamentos, o tempo voa. E com ele se vai tanta coisa, o novo fica velho, o belo às vezes se torna feio, dependendo do ponto de vista, claro. E acabamos esquecendo o que somos, e quando nos perdemos, esquecemos até quem somos.

E que o é pior nisso tudo é que você nem percebe.
O grande caos nessa trajetória é que a vida passa diante dos nossos olhos, a cada chuva e a cada dia de sol, ele vai passando sem nos avisar e nem percebemos.
E ai, quando é tarde demais, você olha para suas mãos enrugadas, sua pele gasta, suas olheiras fundas, seus cabelos brancos e tenta recordar o que fez de bom, sem ter a força e coragem de recuperar.

Enquanto ainda há tempo, faça sua vida valer a pena antes que seja tarde.
Ligue agora para sua mãe, que sentada na sua poltrona velha, com sua pele enrugada, seus olhos fundos, ainda tricota um lindo sapatinho de crochê para o seu filho e você nem ao menos agradece. Agradeça por ela ter te dado a vida, a sua vida, que se passa pelos seus olhos sem você se tocar que um dia também ficará assim.

A vida é curta demais para perder tempo com bobagens. Ame mais, seja menos, erre um pouco, estude devagar e curta mais. Curta os pequenos momentos, pois esses são os melhores de uma vida que se foi. Enquanto há tempo, faça sua vida valer a pena.


Texto: FaÇa VaLeR a PeNa!
De: Diógenes Ramos.


quinta-feira, 7 de março de 2013

Lurdinha


A fêmea era um tanto quanto estranha,
Gostava de coisas inusitadas,
Menina recatada em casa,
Um exemplo para sociedade.
Mas escondia coisas que só ela sabia,
Ela e alguns por ai.

Sua única objeção era que a deixasse gozar.
Louca de pedra,
Uma doida varrida,
Mas sendo ela mesma sempre e fazendo o que bem queria.

Na cama queria ser tratada como vadia e puta
Como vaca e cachorra,
Como profana e perua,
Como tarada mesquinha,
Piranha também era aceitável,
Lurdes era uma senhorita comportada,
Mas na cama, uma devassa.
Lurdes virava Lurdinha na hora H.
Era assim que gostava de ser chamada.

Saía com vários homens,
Quanto prazer ela os deu,
A mulheres também,
Ela não era de escolher serviço,
Na situação que se encontrava fazer escolhas era uma afronta.
A menina Lurdinha era uma puta.
Mas o que ela queria mesmo era que a deixasse gozar.

Uns nascem para doutor,
Outros para professores,
Tem ainda aqueles que nascem para governar,
Ela era diferente,
Nasceu para ser rameira.
Quanta sorte teve Lurdinha.



Texto: Lurdinha
De: Diógenes Ramos.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Vinte Minutos


A meretriz chegou ao hotel indicado,
Cumprimentou o recepcionista que já a conhecia de outros carnavais,
Apertou o quinto andar,
Quinhentos e quarenta era o quarto que ele estava,
Era lá que um Sr. Gordo a esperava,
Ele tinha cheiro de queijo,
Mas era rico,
Um gordo fedido, mas muito rico,
Valia o sacrifício, 
Ela era uma prostituta cara,
Bonita,
Gostosa.
Bateu discretamente a porta,
Oito minutos depois estava despida,
Aos dez gemia,
Aos treze sussurrava palavras de amor,
Aos quinze fingia perder a cabeça de tanto prazer,
Aos dezoito gemia ainda mais,
Aos vinte gritou: Agora, agora e ele gozou.
E quando o gordo recuperou a consciência ela disse:
Essa foi a foda mais gostosa da minha vida.
Ele sorriu, 
Pegou sua carteira e a pagou.


Texto: Vinte Minutos
De: Diógenes Ramos (Didikayan)

Livros - Diógenes Ramos

  • Cicatrizes - Toda Forma de Amor
  • No Meu Céu
  • O Violinista
  • O Bailarino