sexta-feira, 21 de junho de 2013

Cordel


Caso me desejes,
Sou desses rapazes que não dizem não.
Por uma ficada à toa,
Ou uma trepada boa,
Um barzinho, um violão.
E não precisa sobrenome,
Mas caso sejas rico,
Aceito um presente para chamar de meu.
Como uma roupa cara,
Um sapato importado,
Ou um terno para me deixar sem fala.
E eu direi que te amo,
Farei suas vontades,
Realizarei seus pedidos.
E tu sentirás que és o único em minha vida.
E que podes me possuir,
Mas na manhã seguinte,
Quando o sol nos acordar,
Te encubras antes de me levantar,
Não me beijes com um bom dia,
Pois já não terás nenhum valor,
És um cordel encostado,
De uma noite descartada,
Separado de mim.


Texto: Cordel
De: Diógenes Ramos


segunda-feira, 10 de junho de 2013

Grávido


Eu estou grávido,
Grávido de um computador,
Grávido de uma placa mãe,
Grávido de um roteador,
E amanhã eu vou parir,
Um pen drive, uma comunidade, uma nova Internet.
Uma maria fumaça,
Uma vidraça.

É que eu estou grávido,
Esperando uma borboleta,
Cada dia mais enjoado,
Estou grávido de um anão,
De um mendigo, um furacão,
E vou parir
Sobre as pessoas,
Quando as dores surgir,
E a barriga dilatar,
Vou dar á luz.

Estou grávido,
Grávido de um livro,
De uma livraria,
Uma biblioteca,
De um romance encantador,
E vou parir,
Um novo planeta, Uma poesia, uma ficção.
Um capítulo,

É que eu estou grávido,
Esperando um pardal, uma adorinha, um beija-flor,
Estou grávido de amor,
É que eu estou grávido,
Grávido de uma batedeira,
De um pensador,
E vou parir ideias quando minha bolsa estourar,
Vou dar à luz,
E iluminar o mundo com o meu bebê.



Texto: Grávido
De: Diógenes Ramos.

Livros - Diógenes Ramos

  • Cicatrizes - Toda Forma de Amor
  • No Meu Céu
  • O Violinista
  • O Bailarino