quarta-feira, 25 de maio de 2016

O Menino Cego


O menino não via,
Mas também era cego, como iria ver?
Nasceu cego o pequeno menino,
Não sabia o que era dia ou noite.
O que ele via era despercebido aos nossos olhos,
E enxergava melhor que cada um de nós.
Mas mesmo com essa paulada da vida,
O menino nos fascinava.
Não via rosto,
Não via cor,
Não via diferenças.
O que via era apenas a luz que emanava de cada um.
Ele os reconheciam pela voz,
Pelo tato,
Pelo trato.
O menino era uma lenda viva.
Sem olhos?
Sim! É verdade, ele não enxergava.
Mas quem precisaria de olhos com tanto talento?
Tanta exuberância?
Lentamente fluía em meio a multidões,
E se encontrava entre todos.
Entrava e saía de graça em qualquer lugar.
Cantava, dançava e via a perfeição em tudo.
O menino cego tinha uma claridade nele mesmo,
Ele tinha luz própria.


Texto: O Menino Cego
De: Diógenes Ramos
Foto: https://pixabay.com

terça-feira, 17 de maio de 2016

Mal-Amar


O que se passa na cabeça de uma criatura, amar?
Amar e nem saber do que se trata esse sentimento.
Amar e mal-amar?
Amar e sofrer, amar e desamar?
Constantemente e de olhos marejados, amar?
Como pode, pergunto, amar?
Às vezes não se é correspondido e ainda assim amar.
Sufocado em meio a tantos problemas,
E no meio de milhares de pessoas, se sentir só e amar alguém.
Amar o que o vento traz e amar o que ele leva,
Amar as cinzas de um ente querido que se foi.
O que o mar engole e o que nos devolve e amar o horizonte.
Amar a água na seca,
Uma sombra no sertão,
É amor, necessidade ou uma simples carência?
É amor, adoração ou falta de amor próprio?
Como pode amar o vazio?
Amar o malquerer, o rude, o eco?
Uma planta sem flor, uma árvore seca?
Um sonho de uma noite passada?
E na nossa falta de gratidão, amar os pais,
E na secura do nosso ser, amar uma criança,
No vai e vem da nau, amar a lágrima dos olhos,
O sorriso de alguém,
O despertar do amanhã, sem saber se ele existirá,
E amar o que se tem,
O que se foi,
E o que nem sabe se virá.


Texto: Mal Amar
De: Diógenes Ramos

terça-feira, 19 de abril de 2016

Impeachment para quê?

                      



Tentei me abster ao máximo de expressar minha singela opinião a respeito da guerra política declarada sobre o nosso país. É certo que me assusta muito o destino que a nossa Nação vem tomando e mais ainda onde irá parar, se parar.
Não sou a favor de nenhum partido, e até sou contra existirem tantos partidos políticos nesse país. Deveria acontecer uma reforma ou talvez uma limpeza para arrancar mais da metade desses seres inescrupulosos que governam essa Nação e assim, e talvez só assim, começasse a ter uma mudança de verdade.
Não estou baseando meu pensamento numa utopia, mas se eu não sonhar um pouco é bem capaz de sofrer pior do que venho sofrendo com o destino do nosso Brasil. Pois bem o que gostaria de dizer é que não sou a favor desse partido fascista que governa tudo, não sou nem contra a Dilma, mesmo sabendo que ela não tem capacidade nenhuma de discursar, mas às vezes não somos bons em tudo. Mas sim, sou contra a tudo o que ela prometeu e não cumpriu, sou contra o que ela fez para livrar a pele do Lula de ser julgado pelo juiz Moro, nomeando o ex presidente como ministro da Casa Civil, tentando passar a bola para o STF e declarando para um monte de brasileiro que não se dão ao trabalho de pensar que nosso país tem uma justiça máxima comprada. Sou contra a maquiagem que ela fez nas eleições para enganar as pessoas. Sou contra seis decretos não numerados assinados pela presidente em julho e agosto de 2015 autorizando o governo a gastar R$ 2,5 bilhões a mais que o previsto no Orçamento.
Sou contra as pedaladas fiscais, contra a corrupção na Petrobrás, sou contra a Lei da Copa, aprovada em 2010, que concedeu isenções de tributos à FIFA e outras empresas privadas, e levou o governo a ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal na medida em que não incluiu, no Orçamento, medidas para compensar a perda de receitas.
Mas dentre todas essas coisas mencionadas eu também sou contra aos brasileiros que nunca pegou a Constituição do Brasil para ler e temo que muitos nem sabem o que é a Constituição de 1988, sou contra quem nunca pegou a Lei de Responsabilidade Fiscal para ler, sou contra àqueles que nunca pegaram o Código Penal, Código Civil, Leis Orçamentárias Anuais (PPA, LDO, LOA), Sou contra quem reclama sem nem ao menos conhecer os seus direitos.
Como pode uma presidente ser julgada por crime de responsabilidade por um cidadão podre, que fede corrupção, mas, infelizmente tem dinheiro para comprar perfume caro? Dinheiro que era nosso e que ele afirma sem peso na consciência que é inocente. Onde iremos parar? Um corrupto julgando o outro.
É disso que estou falando, não adianta ir às ruas protestar se não passamos de ignorantes manipulados pela mídia. E minha pergunta é: Impeachment para quê?

Se mudarmos agora, entrará outra facção pior ainda e só nos resta clamar aos céus e pedir misericórdia a Deus.



Texto: Impeachment para quê?
De: Diógenes Ramos


segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Passos na Escada


Era tarde,
Já se passava de tantas da noite,
Estava no meu quarto a pensar.
Me sentia inquieto dentro de mim.
E havia um peso de algo a mais no meu quarto.
E eis que naquele silêncio melancólico,
No momento em que as estrelas somente brilhavam,
Uma sombra entrou no meu quarto,
Veio vindo como quem não queria nada,
Pousou uma taça de vinho no criado mudo.
Me tocou,
Me olhou no mais profundo do meu ser,
Me beijou na face,
E novamente me olhou.
Depois sorriu para mim,
Abaixou-se mais uma vez e me abraçou.
Me apertou com tanto afago,
Me consolou.
Voltou a pegar a sua taça,
Deu a volta em minha cama,
Andava como se estivesse desfilando numa passarela,
Era linda.
Depois colocou aquele sorriso que só ela tinha,
Disse adeus com um aceno de cabeça
Me acalmou.
Caminhou até a porta,
Segurou na mão de sua filha,
Ouvi seus passos na escada,
Depois não escutei mais nada.
E partiu.
Em seguida dormi em paz,
Pleno,
Sereno.
E sei que esse sentimento vai perdurar.


Texto: Passos na Escada,
De: Diógenes Ramos.
Dedicado a Cleonice e Mayra
  

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

O Amor Bateu em Minha Porta



O amor bateu em minha porta,
Veio cabisbaixo,
Sorrateiro,
Totalmente instruído.
Ele entra e sai quando bem entende,
Balança o cabelo das mulheres,
Tira o cinto dos homens.
Seja como for, o amor é o amor e isso basta.
Não fique triste,
Hoje tem até filme de romance no canal aberto.
O amor bateu em minha porta,
Fui abrir e quase fiquei cego,
Ele entrou pelos meus olhos,
Desceu a garganta com sabor suave,
Passeou pelos meus rins,
Fígado,
Intestino.
Fiquei completamente satisfeito.
Espere!
O amor saltou pela janela,
Eu acho que ele vai se machucar,
E feridas do amor às vezes não sara nunca,
Algumas vezes sara logo.
Mas isso é o amor,
Troca de beijos e línguas,
Viagens sem sair do lugar,
Cumplicidades,
Brigas também existem,
Mas essa é a grandeza do amor,
Ele é incompreensível. 


Texto: O Amor Bateu em Minha Porta
De: Diógenes Ramos


Livros - Diógenes Ramos

  • Cicatrizes - Toda Forma de Amor
  • No Meu Céu
  • O Violinista
  • O Bailarino