terça-feira, 17 de maio de 2016

Mal-Amar


O que se passa na cabeça de uma criatura, amar?
Amar e nem saber do que se trata esse sentimento.
Amar e mal-amar?
Amar e sofrer, amar e desamar?
Constantemente e de olhos marejados, amar?
Como pode, pergunto, amar?
Às vezes não se é correspondido e ainda assim amar.
Sufocado em meio a tantos problemas,
E no meio de milhares de pessoas, se sentir só e amar alguém.
Amar o que o vento traz e amar o que ele leva,
Amar as cinzas de um ente querido que se foi.
O que o mar engole e o que nos devolve e amar o horizonte.
Amar a água na seca,
Uma sombra no sertão,
É amor, necessidade ou uma simples carência?
É amor, adoração ou falta de amor próprio?
Como pode amar o vazio?
Amar o malquerer, o rude, o eco?
Uma planta sem flor, uma árvore seca?
Um sonho de uma noite passada?
E na nossa falta de gratidão, amar os pais,
E na secura do nosso ser, amar uma criança,
No vai e vem da nau, amar a lágrima dos olhos,
O sorriso de alguém,
O despertar do amanhã, sem saber se ele existirá,
E amar o que se tem,
O que se foi,
E o que nem sabe se virá.


Texto: Mal Amar
De: Diógenes Ramos

Um comentário:

Unknown disse...
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