terça-feira, 25 de agosto de 2015

O Animal



Estranhamente ontem eu vi um animal,
Fiquei horrorizado com a forma medíocre em que se encontrava.
Sentado na calçada, ele comia restos de algo indecifrável.
Não se preocupava com o que era,

Não separava nada,
Apenas queria saciar sua fome.
Fiquei parado no trânsito a observá-lo,
O animal estava completamente sujo,
Fedido,
Faminto.
As pessoas que passavam na calçada,
Andando próximas ao animal, não ligavam para ele,
Eles não tinham medo dele,
Era como se aquele animal fosse completamente invisível.
E o próprio animal, de tão esquecido, também se achava transparente.
Pela sujeira que tinha no seu corpo,
Tenho para mim que ele há muito não se banhava,
Quando o farol abriu,
Um carro buzinou atrás de mim e eu voltei a realidade,
A realidade de também esquecer aquela cena,
Como todas que passavam ali fizeram,
Mas o que mais me preocupava em vê-lo ali,
É que aquele animal se parecia com qualquer um de nós,

Com olhos, boca, nariz, braços e pernas.
Porque aquele animal era um homem.








Texto: O Animal,
De: Diógenes Ramos
Adaptação: O bicho de Manuel Bandeira.

Um comentário:

O eterno aprendiz... disse...
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