O que se passa na cabeça de uma criatura, amar?
Amar e nem
saber do que se trata esse sentimento.
Amar e mal-amar?
Amar e
sofrer, amar e desamar?
Constantemente
e de olhos marejados, amar?
Como pode,
pergunto, amar?
Às vezes não
se é correspondido e ainda assim amar.
Sufocado em
meio a tantos problemas,
E no meio de
milhares de pessoas, se sentir só e amar alguém.
Amar o que o
vento traz e amar o que ele leva,
Amar as
cinzas de um ente querido que se foi.
O que o mar
engole e o que nos devolve e amar o horizonte.
Amar a água
na seca,
Uma sombra
no sertão,
É amor,
necessidade ou uma simples carência?
É amor,
adoração ou falta de amor próprio?
Como pode
amar o vazio?
Amar o
malquerer, o rude, o eco?
Uma planta
sem flor, uma árvore seca?
Um sonho de
uma noite passada?
E na nossa
falta de gratidão, amar os pais,
E na secura
do nosso ser, amar uma criança,
No vai e vem da nau, amar a lágrima dos olhos,
O sorriso de
alguém,
O despertar
do amanhã, sem saber se ele existirá,
E amar o que
se tem,
O que se foi,
E o que nem
sabe se virá.
Texto: Mal Amar
De: Diógenes Ramos
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