Por essa o
tal deputado não esperava,
Homem casado
e com três filhos nas costas,
Usava o
dinheiro do povo como bem queria.
Mas esse em especial,
Gostava
de comer veadinhos as escondidas.
E foi numa dessas
reuniões da vida,
Dessas que
não chegam a decisão nenhuma,
Que ele viu ao
longe um belo rapaz,
Pernas torneadas
e bunda avantajada,
Peitoral aberto
e sorriso descontraído.
Sem conter o
seu impulso, logo se aproximou e disse:
Mas que
jovem lindo,
E de cabelo
liso ainda.
Vem garoto,
vem ser minhas horas de reunião,
Vem que eu
te mostro o que é ser quente,
Vem ser
minha desculpa,
Vem ser meu
motivo de mais compromissos e gastos desnecessários.
Te coloco em
um apartamento, pago roupas, contas e você ficará à minha espera.
Vou ser teu
chamego, teu eixo, teu caos,
Vem garoto e
diz que quer ser meu,
Vem rebolar
em mim, fazer acontecer, se mexer,
Mas minha
esposa não pode saber,
Comigo tu
vai esquecer trabalho, horários, favela.
Vem ser meu
escravo, meu tormento, meu pasto,
Depois te levo
para passear, gastar e até jantar.
Eu tenho
dinheiro para te fazer o veado mais feliz desse mundo,
Comigo não irá se preocupar com nada.
Tenho grana para algumas vidas.
Mas terás que prometer que será só meu.
E ai quer
vir?
Então depois
de ouvir toda aquela asneira,
O jovem se
levantou todo sorridente e disse:
Escute aqui
meu senhor:
Não precisa
fazer nada disso,
Pois sua
corrupção natural não se cura trepando com nenhum veado,
Não vai ser
um deputado bandido que vai curar essa ferida do país,
Senhor deputado
assim como você,
Que mete a
mão nos cofres públicos,
E roubam
dinheiro de pessoas honestas como nós,
Dinheiro que
reservamos para educar nossas crianças,
Que vai me
comprar com sua lábia mal elaborada.
Escute aqui
deputado:
Eu me lembro
do esforço que fiz para estudar,
Das marmitas
que levava, porque o dinheiro não dava para comer na rua,
Enquanto você
se fartava com banquetes sem ter completado o ensino médio,
Tente escrever
outra história deputado,
Porque não é
me levando para jantar,
Ou me
colocando em um apartamento e pagando minhas despesas,
Que seus
erros serão redimidos,
Agora se
afasta de mim,
E nunca mais
insista nisso,
Pois o seu
cheiro me enoja,
Sua habilidade
de roubar vira meu estômago,
Porque deixar
de ser um bandido, caro deputado, não é comendo um veado.
Texto: O Veado e o Deputado
De: Diógenes Ramos